952
Par de serafins
Estimativa
22.000 - 24.000
Sessão 3
10 Dezembro 2020
Valor de Martelo
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Em madeira esculpida
Portugal, séc. XVII/XVIII
(vestígios de pintura e de dourado, falta das asas e das cornucópias)
Alt.: 133,5 cm
Categoria
Escultura
Informação Adicional
Os primórdios das esculturas em madeira confundem-se com o despertar da civilização e da própria existência humana. A madeira terá sido dos materiais que o homem mais utilizou, consequentemente, o domínio dos utensílios do seu talhe (ex. goiva, o maço o enxó) ter-se-á expandido por todas as partes do mundo.
No barroco a escultura em madeira tinha grandes potencialidades porque a flexibilidade do material e a facilidade de adição, supressão ou troca de partes, cujas emendas desapareciam sob a camada de estofados e policromia, facilitavam o trabalho dos escultores. Nesta altura a madeira era pintada e coberta a folha de ouro para obter um efeito de sumptuosidade ou para sacralizar as figuras. Mas, estas técnicas acabavam por retirar qualidades inerentes à materialidade e à qualidade de talhe deixadas pelo escultor.
Na generalidade da escultura de madeira desta época, terá sido com o discorrer do tempo e com a acção erosiva de agentes físicos naturais (luz solar e a humidade), que podemos observar o domínio técnico dos escultores e a qualidade de algumas esculturas cujos autores, por razões estéticas ou de decoro religioso, se viram obrigados a ocultar. É o que acontece com este par de esculturas em madeira do século XVII-XVIII que apresentam vestígios de pigmentação e de douramento.
Anjos, Arcanjos, Querubins, Serafins, e todas as gloriosas hostes do céu foram uma fonte de inspiração para pintores e escultores ao longo da história. No que diz respeito à iconografia das hostes celestiais, os artistas foram exímios e, em mais nenhum caso, o simbolismo foi observado com mais cuidado do que na representação dos anjos. A auréola ou o nimbo nunca foi omitido da cabeça de um Anjo e é sempre o símbolo da santidade. Por sua vez, as asas são a representação angélica distintiva e emblemática do espírito, do poder e da rapidez.
Serafins e Querubins são geralmente representados com um, dois ou três pares de asas, que simbolizam o espírito puro, informado pelo amor e inteligência. Enquanto que a cabeça é um emblema da alma, do amor, do conhecimento, as asas têm o seu significado usual. Essa maneira de representar as duas ordens mais elevadas de anjos é muito antiga e, nos primeiros exemplos da existência, os rostos são humanos, pensativos e maduros. Gradualmente, tornaram-se infantis de modo a expressarem a inocência
As hostes celestiais foram profusamente usadas como tema ornamental. A elegância destes seres sagrados, representados sob aparência juvenil, de beleza andrógina, constituía um desafio para a criatividade artística.
Reforçando a dimensão sagrada da cena em que se inseriam, ganharam espaço nas representações religiosas povoando a dimensão celestial, esvoaçando entre nuvens ou enchendo de sugestões musicais a mansão divina. São inúmeros os episódios tanto do Antigo como do Novo Testamento em que a sua presença faz alusão ao papel de mensageiros entre os homens e o divino. É o caso do tema A Anunciação onde vemos a incessante recriação do formoso Anjo Gabriel, ornado de longas e ricas vestes e deslumbrantes asas.
Bibliografia
Teixidó, J e Santamera, C. – A talha escultura em madeira. Lisboa: Editorial Estampa, 1997, p.20.
Gonçalves, F. J. – A madeira na escultura, Tese de mestrado, Escultura - especialização em estudos de escultura pública, Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas Artes, 2014
2014.
Leilão Terminado