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São Bento e São Bernardo

Diogo de Contreiras (1500-1565)


Estimativa

80.000 - 120.000


Sessão 1

6 Junho 2023



Descrição

Óleo sobre madeira

135x90 cm


Categoria

Pintura


DIOGO DE CONTREIRAS (1500-1560)

Nos dias de hoje a História da Arte é unânime em relação à figura de Diogo de Contreiras, um dos mais criativos pintores do Maneirismo português, que através de um estilo muito próprio, cedo se libertou da tutela dos modelos de Gregório Lopes (c. 1490-1550) e conseguiu consumir, a partir de novas experiências, as inovações italianizadas tanto no desenho como na composição e na cor.
O artista está hoje bem identificado em termos de biografia, sabendo-se que trabalhou em Lisboa entre 1521 e 1563 para os melhores clientes do reino, entre os quais constava o Duque de Bragança D. Teodósio I (1510-1563), o Comendador-mor da Ordem de Cristo D. Afonso de Lencastre (c.1505 – 1572), o fidalgo da Casa Real João Rodrigues Português, ou os nobres Costas, de Évora. Este é o resultado das investigações em História da arte, desde que nos anos de 1977-1978, o professor Vítor Serrão identificou o Mestre de São Quintino como sendo Diogo de Contreiras.
Até então este Mestre de São Quintino era confundido com a última fase de Gregório Lopes, nomeadamente em 1954 por Luís Reis Santos (1898-1967), embora sempre autonomizado por Reynaldo dos Santos (1880-1970). No ano de 1957, o Mestre de São Quintino foi profundamente estudado pelo historiador da arte espanhol Martin Sória (1911-1961) que reuniu à sua volta um conjunto de mais de trinta pinturas, posteriormente reforçado pelas atribuições de Vítor Serrão.
A pintura que agora trazemos a leilão representa São Bento e São Bernardo, o criador da regra e o reformador da Ordem que deu origem aos cistercienses, e faz parte de uma série que pertenceu ao convento cisterciense feminino de Santa Maria de Almoster
Nesta obra a virtuosidade de Diogo de Contreiras é evidenciada pela representação dos bordados das capas e mitras de S. Bento e S. Bernardo, bem como nos desenhos da rica ourivesaria dos báculos, mas particularmente na esmerada reprodução do tapete turco, de motivo “Holbein-miúdo”. Figuras com os rostos típicos dos santos “contreirianos” - S. Bento e S. Bernardo prevalecem numa composição que se prolonga habilidosamente num interior com a cena do aleitamento de S. Bernardo e no exterior com um passo hagiográfico de S. Bento.
Estamos perante um marco importante da pintura portuguesa do século XVI, documentada obra de um dos mais significativos renovadores da linguagem plástica portuguesa no segundo quartel do século XVI.


Bibliografia:
AA.VV. – Grão Vasco e a pintura europeia do Renascimento: Galeria de Pintura do Rei D. Luís, 17 março a 10 junho 1992, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, em colaboração com Secretaria de Estado da Cultura, Instituto Português do Património Cultural, Instituto Português de Museus, 1992;
CAETANO, Joaquim Oliveira - A identificação de um pintor in "Oceanos", n.º 13, Lisboa, 1993;
FLOR, Pedro Almeida – A autoria do Retábulo de Santa Maria de Almoster por Diogo de Contreiras (1540-1542), in ARTIS, Lisboa, Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras de Lisboa, 2004, n.º 3, pp. 335-34;
SERRÃO, Vítor e CAETANO, Joaquim Oliveira – A Pintura Maneirista em Portugal. Arte no Tempo de Camões, catálogo de exposição comissariada por Comissão Nacional para a Celebração dos Descobrimentos Portugueses, galeria de D. Luís, Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa, 1995, n.º 8, pp. 194 e 195.
SERRÃO, Vítor – História da Arte em Portugal - o Renascimento e o Maneirismo, Lisboa, 2002
SERRÃO, Vítor – Os painéis da igreja de Unhos: séculos XVI - XVII, Boletim Cultural, nº 73-74, Lisboa, 1970, p. 27-52;



Leilão Terminado