Leilão 132 Antiguidades e Obras de Arte, Pratas e Jóias

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Importante par de fruteiros, ODIOT para S. M. A Rainha D. Maria Pia de Portugal (1847-1911)


Estimativa

8.000 - 10.000


Sessão 1

25 Outubro 2023



Descrição

Em prata de 950/000
Decoração cinzelada ao gosto rocaille com concheados, volutas e folhas de acanto, assentes sobre três pés de concha e volutas
Topo gravado com monograma MP encimado por coroa real referente a S.M. a Rainha D. Maria Pia de Sabóia (1847-1911)
Taças em cristal
Marca de garantia de teor francesa (reg. 1879), marca de ourives Odiot (1825-1894), assinados e numerados
Remarcados com contraste de Lisboa (1887-1937) e com marca de garantia de toque para obras importadas por particulares
(pequenos sinais de uso, uma das taças de cristal com cabelo)

15x24 cm (total) Alt.: 13 cm (só da prata)
1862 g


Categoria

Pratas


Informação Adicional

Bibliografia:
VIDAL, Manuel Gonçalves; ALMEIDA, Fernando Moitinho de - "Marcas de Contrastes e Ourives Portugueses (1887 a 1993)", vol. II. Lisboa: IN-CM, nº 67 e 244-A


PAR DE FRUTEIROS DA ÚLTIMA BAIXELA DE PRATA QUE GUSTAVE ODIOT (1865-1894) FEZ PARA A RAINHA MARIA PIA DE PORTUGAL

Ávida compradora a Rainha Maria Pia (1847-1911) encomendou na década de 1890 uma baixela ao prateiro Gustave Odiot (1865-1894), que viria a ser a última remessa de prata da Maison Odiot, sob a direcção deste mesmo prateiro, para a Rainha de Portugal. O par de fruteiros que trazemos agora a leilão faziam parte dessa encomenda, e o artigo científico da autoria da conservadora do Palácio Nacional da Ajuda Drª Teresa Maranhas, intitulado “A prata de servir para Sintra”, que encontramos no estudo “A Royal Lunch. A visita a Sintra da Rainha Alexandra do Reino Unido. 24 de Março de 1905.” publicado pela Parques de Sintra - Monte da Lua, dá-nos a conhecer uma serie de dados sobre esta última encomenda de prata francesa, bem como quais as peças que terão sido usadas no almoço a Rainha do Reino Unido. Nesse estudo são mencionados vários aspectos sobre as peças da baixela da Maison Odiot, desde logo a factura datada de Fevereiro de 1894 onde é referido que foram gastos 75.750 francos na aquisição deste serviço de mesa composto não só por taças fruteiros, centros de mesas, inúmeras peças de servir, terrinas, entre outros objectos. Nessa mesma factura ficamos ainda a saber que a mesma foi remetida à Casa Real Portuguesa em onze estojos de carvalho envernizado, forrados de flanela vermelha e marcados com o monograma da soberana. Foi no estojo nº 9 que vinham os dois lotes que agora trazemos a leilão bem como os restantes que constituíam um total de 24 fruteiros em prata com taças em cristal. Desses 24, dois foram vendidos nestas mesmas salas em Outubro de 2018, outros dois estão no acervo do Palácio Nacional da Ajuda (após terem sido adquiridos no ano de 1999 na leiloeira Dinastia), e quatro fazem parte do acervo do Palácio Nacional das Necessidades depois de terem sido adquiridos no ano de 1953 pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros à Casa Liquidadora Leiria & Nascimento Lda. – antigo Bazar Católico. Ou seja, dezasseis continuam “desaparecidos”, certamente em colecções particulares. Tal dispersão está inteiramente relacionada com o fim da monarquia em Portugal e claro com as dividas que a avó do último rei de Portugal contraiu ao banco Burnay. No ano de 1912, um ano depois da morte da Rainha, e três anos após a morte do conde Burnay, uma importante parte da colecção pessoal de joalharia e de algumas peças de prata que a Rainha havia entregue ao banco como aval aos sucessivos empréstimos contraídos, deu lugar a um excepcional leilão realizado no Banco de Portugal em Lisboa. Com catálogo bilingue (português e francês) o leilão apresentou lotes a serem “disputados com ardor pelos entendidos” e outros a serem “licitados com muita dificuldade”. Com uma secção de 365 peças de jóias e apenas 8 lotes de pratas é o lote 4 descrito como "Vinte e quatro taças de crystal com pés de prata" que se assemelha ao lote que agora trazemos a leilão. No já referido artigo da Drª Teresa Maranhas, ficamos a tomar conhecimento que a 17 de Julho de 1903 foi entregue pelo Ex.mo Mordomo no Banco de Portugal por ordem de Sua Majestade, entre outros objectos em prata, o Estojo N.o 9 (socos de fruteiros) avaliado em 4.008,000. A relação entre estas duas informações levam a crer que os fruteiros que agora trazemos a leilão fazem parte deste conjunto de 24 peças entregues ao banco Burnay em 1903 e que foram vendidos anos mais tarde no leilão de 1912. No entanto, e uma vez que o conde Burnay permitia que a Rainha utiliza-se as peças de joalharia e de prataria hipotecadas, sabe-se que peças deste estojo nº 9 foram usadas no almoço que se serviu no ano de 1905 no palácio da Vila de Sintra à Rainha Alexandra do Reino Unido. Para um estudo mais aprofundado sobre este evento sugeri-mos a leitura do estudo “A Royal Lunch. A visita a Sintra da Rainha Alexandra do Reino Unido. 24 de Março de 1905.” Publicado pela Parques de Sintra - Monte da Lua.

TIAGO FRANCO RODRIGUES



Leilão Terminado