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Tapeçaria Flamenga História de Ceres


Estimativa

50.000 - 80.000


Sessão

5 Dezembro 2012



Descrição

Flandres, Séc. XVI
352x163 cm


Categoria

Tapeçarias


Informação Adicional

A peça que agora se oferece ao mercado é um exemplar da melhor produção de tapeçarias da Idade de Ouro de Bruxelas aquele que foi o mais importante e sofisticado centro de tecelagem da Europa.
A afirmação de Bruxelas como principal centro de produção têxtil de excelência na Europa aconteceu nos finais do século XV tendo atingido o seu auge na chamada Idade de Ouro que pode ser enquadrada entre 1510 e o início da Guerra dos Indigentes (1568), ou seja durante os governos de Margarida de Áustria e Maria da Hungria.

A cena mitológica desta tapeçaria representa a lenda em que Pluto é atingido por uma seta do Cupido antes de sair pelo Vulcão Etna e se apaixonar por Proserpina, filha de Ceres (deusa da agricultura e da Terra), que estava na Fonte de Aretusa, Sicília, a colher flores com algumas ninfas.
Pluto e Proserpina casaram em Hades, o Submundo greco-romano do qual ele era regente. Ceres procurou a sua filha por toda a Terra e quando em desespero, encontra apenas um cinto feito de lágrimas de ninfa, lança uma maldição sobre a Sicília fazendo parar o rescimento das frutas e vegetais bem como a criar desertos a cada passo que dava.
Júpiter preocupado envia Mercúrio para pedir a Pluto para libertar Proserpina. Pluto acede ao pedido mas como Proserpina havia comido seis (ou quatro, em algumas variantes da lenda) sementes de romã (comida dos mortos) teria de passar para sempre no Hades seis (ou quatro) meses por ano.
Assim ficam explicadas as Estações do Ano: os meses de Primavera e Verão, quando Ceres está com a sua filha e faz florescer a Natureza. O Outono em que a despedida está perto e a Natureza começa a perder o fulgor e por fim, o Inverno quando a Natureza parece adormecida e a terra se torna árida.

Proveniente de uma das mais importantes e talvez a mais célebre colecção particular em Portugal - a colecção Palmela - esta tapeçaria fez parte de um conjunto mais alargado do qual temos conhecimento de mais três panos com temas mitológicos, que se encontravam parcialmente reunidos no século XIX.

D. Pedro de Sousa e Holstein (1781-1850), 1º Duque de Palmela, foi uma das mais destacadas figuras do primeiro liberalismo em Portugal. A sua promissora carreira diplomática, iniciada sob a protecção de D. João VI ainda como Príncipe Regente, deu lugar a uma brilhante actuação política, financeira e diplomática durante os conturbados anos que se seguiram à fuga da família real para o Brasil e a definitiva vitória dos liberais e aclamação de D. Pedro IV (1834).
A fortuna e influência de D. Pedro multiplicaram-se durante estes anos bem como nos primeiros anos do reinado de D. Maria II o que levou a que a sua casa se tornasse - senão a mais poderosa do reino - uma das primeiras da corte durante todo o séc. XIX.

Este lugar priveligiado na corte e na sociedade permitiu, pelo casamento dos seus oito filhos e seus netos, ligações a quase todas as mais importantes famílias do reino o que por seu lado permitiu ainda a reunião de algumas importantes colecções de arte sob o apelido Holstein, sendo o caso mais célebre o casamento de D. Domingos, 2º Duque de Palmela, com a herdeira única do 1º Conde da Póvoa, magnata de excepcional fortuna e importante coleccionador, contemporâneo do 1º Duque de Palmela.

Com todos os meios à sua disposição D. Pedro conseguiu dar continuidade - em escala inédita a uma tradição de coleccionadores de arte que a família de D. Pedro tinha tentado manter desde a segunda metade do séc. XVII; quando D. Luís de Sousa (1637-1690), no regresso como embaixador junto da Cúria Pontífica de Roma, trouxe uma importante colecção de obras de arte e relíquias.



Leilão Terminado