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Rara e importante terrina em prata Luís XVI, ROBERT-JOSEPH AUGUSTE, Paris, ca. 1784
Estimativa
25.000 - 50.000
Sessão 1
9 Dezembro 2014
Valor de Martelo
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De formato oval, pé alteado com friso de vegetalista, corpo liso com friso neoclássico relevado, pegas relevadas e cinzeladas com diversas folhas e frutos, tampa com canelura larga moldurada e duas flores neoclássicas relevadas nos topos, topo da tampa com grande flor relevada e cinzelada, pomo em pinha envolto por folhas de acanto.
Marca de carga e descarga de Paris (1783-1789), marca de Maison Commune para 1784 e marca de ourives de Robert-Joseph Auguste (act. 1757-1793)
Alma e presentoir em prata francesa do séc. XIX com decoração semelhante, marca de contraste Cabeça de Minerva 1ºTítulo e de ourives Debain & Flament (1874-1880)
(Mínimos sinais de uso e pequena amolgadela no presentoir, marca de ourives ilegível no presentoir)
28 x 38,5 x 23,5 cm (terrina/tureen) 29 x 39,2 x 30,2 cm (total)
2880 g (terrina/tureen)
5204 g (total)
Categoria
Pratas
Informação Adicional
Nota: Robert-Joseph Auguste (Mons, 1723-Paris, 1805) dispensa apresentações. A par de Thomas Germain (1726-1791) foi um dos mais célebres ourives do séc. XVIII e depois da bancarrota deste, cerca de 1765, foi o mais importante e requisitado ourives francês do final do Regime. Para além de ser Orfèvre Ordinaire du Roi para Luis XVI desde 1778 diversas casas reais europeias, durante décadas, encomendaram peças suas. Entre outras, as cabeças coroadas de Estocolmo, São Petersburgo, Copenhaga, Londres e Lisboa encomendaram às suas oficinas centenas de obras.
São da sua autoria célebres e magníficas baixelas onde se destacam as da Czarina Catarina, a Grande, da Rússia ou a do Rei Jorge III da Grã-Bretanha (hoje em parte no Louvre). Um extraordinário par de saleiros atribuídos à baixela Russa e assinados por R. J. Auguste está hoje em exposição no museu da colecção Gulbenkian em Lisboa.
Em Abril de 1784 a Rainha D.Maria I (1777-1816) encomendou dois conjuntos de toilette em prata dourada a Paris onde D. Vicente Souza Coutinho era o responsável pelas encomendas reais; a escolha óbvia recaiu sobre aquele que, segundo as suas próprias palavras, é o melhor ourives do país e provavelmente da Europa, R. J. Auguste. Desta encomenda cinco lavandas e gomis em prata dourada guardam-se ainda nas colecções reais portuguesas em exposição no MNAA, também deste conjunto são três salvas de pés em prata dourada com decoração semelhante em exposição no mesmo museu. Várias salvas e caixas bojudas do conjunto acabaram, por herança da Imperatriz Amélia Leuchtenburg (1812-1873) (segunda mulher de D.Pedro IV (D.Pedro I Imperador do Brasil)), na posse da família real Sueca e algumas peças vão surgindo muito raramente no mercado, um par de salvas foi vendido em Maio de 2011 na Sothebys Paris por mais de 192.000 euros.
Também as mais importantes casas do país encomendaram diversas peças ao ourives-estrela, sendo as mais célebres encomendas as dos Duques de Cadaval e dos Condes de Povolide; uma terrina encomendada pelo Duque de Cadaval foi vendida em Junho deste ano por mais de 162.000 euros na Bonhams Londres e um par de wine-coolers com as armas Povolide pertence hoje ao Estado Português e encontra-se também em exposição no MNAA.
Pertença de uma importante colecção portuguesa é com orgulho que apresentamos à praça em Lisboa esta magnífica obra de arte. Apesar de a sua história ser desconhecida não é difícil supor que se trata da uma encomenda de um importante membro da corte de Lisboa e curiosamente no exacto mesmo ano das encomendas da Rainha a este famoso mestre da prata.
João Júlio Teixeira
Agradecemos ao museu da fundação Calouste Gulbenkian e ao departamento de ourivesaria do MNAA, Dr.ª Luísa Penalva, a colaboração.
Leilão Terminado