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Par de armários baixos

Charles-Guillaume Diehl Attrib. (1811-1885)


Estimativa

12.000 - 16.000


Sessão 2

6 Junho 2023



Descrição

Em ébano e outras madeiras
De formato trapezoidal com tampo em pedra mármore
Porta central com decoração incrustada em mogno, buxo, jacarandá e outras madeiras representando elementos neoclássicos de inspiração grega e elementos vegetalistas
Laterais com decoração embutida, colunas de pilastra adornadas com montagens em bronze dourado representando elementos vegetalistas e cabeças de leão
França, séc. XIX

114x117,5x47 cm


Categoria

Mobiliário


O MOBILIÁRIO FRANCÊS DO SÉCULO XIX

A segunda metade do século XIX é, indiscutivelmente, o período em que as artes decorativas refletem o gosto pelo revivalismo, pela fusão de estilos e pelo colecionismo. Numa época em que a sociedade vivia de olhos postos no passado, os grandes mestres dos séculos anteriores foram reinterpretados pelos artistas, justificando-se o aparecimento de cópias e réplicas que na contemporaneidade eram entendidas como verdadeiras obras de arte.
A glória dos tempos áureos de Versalhes renascia nas artes decorativas e em particular no mobiliário, sendo este inspirado nas linhas artísticas que vigoraram nos reinados de Luís XIV, Luís XV e Luís XVI, valorizando o trabalho dos grandes ebanistas como André-Charles Boulle (1642- 1732), Jean-François Oeben (1721-1763) ou Jean-Henri Riesener (1734 - 1806).
Na década de 1860, na cidade de Paris, registava-se um aumento de artífices de mobiliário, sendo cerca de 2,000 os ebanistas que se ocupavam da produção de mobiliário de luxo. Um número que contrastava com os cerca de 14,500 artífices que se ocupavam da produção de mobiliário de menor qualidade.
Tal como já havia acontecido no século XVIII, os ebanistas encontravam-se entre os artífices privilegiados de Paris, tendo a seu cargo a elaboração de móveis de excelente qualidade destinados, normalmente, para a casa imperial francesa e demais casas reais europeias, nomeadamente a portuguesa sendo exemplo disso os móveis de autor que podemos encontrar no acervo do Palácio Nacional da Ajuda em Lisboa.

Tiago Franco Rodrigues

Bibliografia:
PAYNE, Christopher, 19thCentury European Furniture, Antique Collectors ́Club 1985;
RODRIGUES, Tiago, The furniture of Maison Krieger at art auction: A fine vitrine in Louis XV style sold by Veritas at Lisbon, ArtisOn, no5, Lisboa, ARTIS-IHA/FLUL, 2017;
VERLET, Pierre, Le mobilier royal français du XVIIIe siècle. IV – Meubles de la Couronne conservés en Europe et aux États-Unis, Paris, Editions Picard, 1990;
VERLET, Pierre, Les ébénistes du XVIII siècle français, Paris, Hachette, 1963;
VERLET, Pierre, Les meubles français du XVIII siècle, 2o edição, Paris, Presses Universitaire de France, 1982.


Charles-Guillaume Diehl (1811-1885)

De origem alemã, Charles-Guillaume Diehl nasceu a 20 de Julho de 1811 em Steinbach (Grão-Ducado de Hesse), actual estado da Baviera. No ano de 1840 mudou-se para a cidade Paris, onde se instalou no nº 3 da rue de Thorigny, tendo-se mudado depois para o nº 170 da rue Saint-Martin. Curiosamente, o seu nome só vem listado no Almanach du Commerce de Paris a partir do ano de 1850. Sabe-se que nessa altura estava estabelecido no nº 16 da rue Michel-le-comte. Entre os anos de 1851 a 1852 encontrava-se no nº 21 da mesma rua e depois no nº 19 (onde permaneceu até 1885). Por sua vez, as suas oficinas estavam localizadas no nº 39 da rue Saint-Sebastien e só no ano de 1870 empregava seiscentos trabalhadores.
Charles-Guillaume Diehl (1811-1885) foi um prestigiado fabricante de mobiliário do século XIX, famoso pelos designs das suas produções de todo os tipos de caixas (desde armários para licores até caixas de jogos, passando por guarda-jóias). Na sua produção encontramos também pequenos móveis, como mesas de trabalho para senhoras, mesas de jogos e meubles de marriage. A sua produção incluía tanto peças standard quanto objetos de luxo, entre eles aqueles executados especialmente para as diversas exposições internacionais. Alias, este autor alcançou o sucesso internacional quando participou na Grande Exposição realizada em londres no ano de 1851. Seguiram-se todas as principais exposições internacionais, e isso rendeu-lhe uma credibilidade pela produção de peças únicas e de alta qualidade que eram extremamente populares entre a clientela da elite parisiense e internacional, o que contribui para que as suas obras permanecem altamente valorizadas até aos dias de hoje.
No ano de 1867, durante a exposição Universal o critico Jules Mesnard, resumiu em poucas palavras a produção de Diehl com a seguinte frase “ Sa fabrication embrasse tout le mobilier artistique, depuis la boire à épingles à 2 francs jusqu’au grand meuble de 70 000 frans. Il a le mobilier ordinaire et courant, et le mobilier de prix” (Jules Mesnard 1867, p.130)
Peças da sua autoria podem ser encontradas em colecções particulares e em colecções publicas como a do Musé d'Orsay em Paris, do Rijksmuseum em Amsterdão, do Musé de l'Ecole de Nancy, em Nancy e no Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque.

Tiago Franco Rodrigues



Leilão Terminado