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Oficina italiana, possivelmente do Norte de Génova, séc. XVII
Estimativa
20.000 - 40.000
Sessão 2
16 Dezembro 2024
Valor de Martelo
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Busto de Romano
Escultura em várias pedras mármore e coloridas
Base em escaiola
(restauros)
Alt.: 90 cm (busto) Alt.: 205 cm (total)
Categoria
Escultura
Informação Adicional
Faz parte de um conjunto de bustos que estavam no hall de entrada do palácio do palácio da Quinta do Calhariz, em Sesimbra.
Proveniência:
Antiga colecção dos Duques de Palmela
Busto de Imperador Romano, finais do século XVII
Os bustos dos imperadores romanos do Arcebispo de Braga, Dom Luís de Sousa (1637-1690), aparecem descritos detalhadamente no inventário dos seus bens (Instituição e vínculo das Fazendas) que foi redigido em 22 de Junho de 1683. Entre as esculturas enumeradas existe uma lista de 16 bustos de imperadores de meio corpo, sendo 12 do mesmo tamanho e 4 de dimensões mais reduzidas. No primeiro caso trata-se sem dúvida, de uma série completa de os “Doze Césares”. O modelo literário destes soberanos foi a Vida dos Césares (Vita Caesarum) que Gayo Suetónio publicou nos primórdios do século II d.C.. Foi durante o século XVI, que se começaram a decorar em Itália os Palácios com os bustos destes imperadores. A maioria dos retratos foi realizada na época moderna, no entanto, as melhores séries do século XVI contam também com cabeças e por vezes bustos romanos, restaurados e adaptados por escultores modernos.
Os três bustos da colecção Palmela são datados de finais do século XVII não só pelo mencionado inventário que descreve todos os diferentes tipos de mármores com as suas cores mas também pela forma do busto3. No museu da Villa Borghese em Roma estão expostas duas séries anteriores, uma realizada por Giovan Battista della Porta no princípio do século XVII (antes de 1609) e outra de Tommaso Fedele de 16195. Embora os bustos destas séries sejam maiores e mais pesados, seguindo os modelos antigos dos séculos II e III d.C, os bustos da quinta do Calhariz (Sesimbra) não escondem as suas formas decorativas de gosto barroco. O modo de misturar diferentes cores por motivos decorativos também representa uma característica típica da escultura de finais dos séculos XVII e XVIII. Bem mais difícil é determinar o atelier ou o local de fabrico destas peças. Segundo o inventário, o Instituidor (Luís de Sousa) trouxe as esculturas de Roma, onde foi Embaixador junto da Santa Sé entre 1675 e 1683. Os bustos pertencem a um grupo de monumento que até hoje não chamou muito a atenção científica. Por falta de textos publicados é difícil neste momento encontrar paralelos exactos que, sem dúvida, têm que existir. Os bustos, realizados em mármore branco e tão finamente polidos que quase parecem de porcelana são de boa manufactura. Os modelos que serviram ao atelier para modelar a fisionomia dos imperadores, não eram certamente os melhores, o que nos leva a pensar num atelier fora de Roma, porque, na Roma do século XVII, os artistas conheciam bem a iconografia dos imperadores romanos. Poderia tratar-se de um atelier do Norte de Itália, por exemplo Génova, que neste período era um centro de produção escultórica que exportava muitas obras para a Península Ibérica. Como traço especial temos as pupilas emolduradas por sulcos entalhados. Foi em meados do século II d.C., com os retratos do Imperador Marco Aurélio e sua família, que se começou a desenhar os olhos desta maneira. Os bustos da colecção Palmela representam sem dúvida imperadores de épocas anteriores, o que significa que este traço foi realizado por um escultor moderno.
diferentes cores por motivos decorativos também representa uma característica típica da escultura de finais dos séculos XVII e XVIII. Bem mais difícil é determinar o atelier ou o local de fabrico destas peças. Segundo o inventário, o Instituidor (Luís de Sousa) trouxe as esculturas de Roma, onde foi Embaixador junto da Santa Sé entre 1675 e 1683.
Texto adaptado do original, da autoria de Maria de Sousa H. Campilho, realizado para o catálogo da exposição “Uma Família de Coleccionadores – Poder e Cultura”, editado pelo Instituto Português de Museus em abril de 2001.
Leilão Terminado