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"Mater dolorosa, ora pro nobis"
José de Páez (n. 1720–c.1790)
Estimativa
4.000 - 6.000
Sessão 3
20 Julho 2023
Valor de Martelo
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Óleo sobre tela
Assinado "JPH. Paez fecite, en Mexico"
65x52,5 cm
Categoria
Pintura
Durante o século XVIII a pintura religiosa floresceu magnificamente na Nova Espanha, revelando a rica interseção entre a devoção religiosa e a produção artística. Sob a influência do fervor religioso espanhol e das tradições indígenas locais, uma escola distintamente barroca emergiu, resultando numa expressão única da fé católica, através das cores vivas, composições dramáticas e simbolismo intrincado. É neste panorama artístico, marcado por uma profusão de talentos e expressões estéticas singulares, que se destacou o pintor José de Páez (1721-c.1790).
Da biografia do artista, há escassa informação disponível. Diversos académicos sustentam a crença de que possa ter sido discípulo de Nicolás Enríquez de Vargas (1704-1790), pintor que, juntamente com José de Ibarra (1688–1756) e outros, desempenhou um papel crucial no desenvolvimento de uma academia de artes na Nova Espanha do século XVIII.
Através das datas presentes nas suas pinturas, temos a consciência de que o seu principal período de produção ocorreu entre 1751 e 1790. Há evidência de que a última obra encontrada remonta a 1790, ano em que supostamente estaria a exercer a sua atividade em Lima no Vice-Reino do Peru, local onde veio a falecer.
A sua paleta de cores vibrantes e a sua habilidade em capturar a emoção, associados à espiritualidade dos temas, são aspetos distintivos de sua obra. O manejo cuidado da luz e da sombra dá vida às suas composições, conferindo-lhes uma profundidade e uma atmosfera notáveis.
A pintura que agora trazemos a leilão, uma representação da Nossa Senhora das Dores, é um extraordinário exemplo da qualidade de José de Páez, na sua capacidade singular de captar as mais subtis emoções. A assinatura "Jph de Paez, Fecit en Mexico", revela-nos que a obra foi realizada após 1770, época em que o artista atingiu o auge do seu reconhecimento, encontrando-se obras suas no Vice-Reino da Nova Espanha, bem como no Peru, na Guatemala, em Cuba, na Colômbia, na Venezuela e em Espanha, revelando-nos a grande mobilidade da sua obra no mercado local e estrangeiro. Anteriormente a esta data, o artista assinava as obras como "Joseph de Paez".
Para finalizar, achamos merecedor de ser destacado nesta obra, a ausência do punhal que trespassa o coração da Nossa Senhora, símbolo da sua dor e sofrimento. Reconhecemos que a decisão do artista, em não acrescentar este elemento à imagem, foi consciente, uma vez que numa representação idêntica da Nossa Senhora das Dores, pertencente à coleção Arnold Zingg, optou por incluir o referido punhal (Duarte, 1998, 91). Presume-se que o artista, talvez pretendesse realçar a expressão de angústia da Virgem, subtraindo-lhe o principal símbolo do sofrimento.
Bibliografia:
TOUSSAIN, Manuel. Pintura colonial en México, ed. Xavier Moyssen, México D.F.: UNAM-IIE, 1982.
TOVAR Y DE TERESA, Guillermo. Miguel Cabrera, pintor de cámara de la Reina Celestial, México D.F.: Inver México, 1995.
DUARTE, Carlos F. Catálogo de obras artísticas mexicanas en Venezuela: período hispánico. México: Universidad Nacional Autónoma de México, 1998.
Leilão Terminado