Leilão 75 Antiguidades e Obras de Arte

72

Escola Portuguesa, séc. XVII


Estimativa

12.000 - 18.000


Sessão 1

14 Março 2018



Descrição

Ressurreição da infanta D. Aldonça de Leão e Castela por intercessão de Santo António
Óleo sobre tela
(restauros)

165,5x184 cm


Categoria

Pintura


Informação Adicional

No ano de 1191 Afonso IX, rei de Leão e Castela, casa em primeiras núpcias com sua prima coirmã a infanta D. Teresa, filha de D. Sancho I rei de Portugal. Deste casamento nascem duas filhas e um filho. Em 1195 por questões políticas, mas alegando consanguinidade, o papa Celestino III anula este casamento e a infanta regressa a Portugal, para casa de seu pai, com a sua filha D. Aldonça “minina ainda de peito”. Tal é a afeição que o rei português vai ganhando pela neta “que em seu testamento a igualou com suas filhas na herança”. Reedificando o convento do Lorvão, a infanta D. Teresa transforma um ex-mosteiro beneditino num convento de freiras cistercienses e, levando a sua filha consigo, toma o hábito. Entre a realidade e a ficção, a tradição popular cria uma lenda com estas personagens.
Aos 11 anos a pequena infanta Aldonça morre, para grande desgosto de sua mãe que se recusa a sepultá-la: “Toda a corte se ajuntava/ Para lhe o corpo levar;/ Mas não consente a princesa/ Que o levem a soterrar”. Visível na tela que levamos a leilão é esta corte de que se fala, representada por quatro cavalheiros, trajados à moda do início do século XVII, colocados em segundo plano na composição. De chapéus na mão como sinal de reverência, os olhos e rostos desta pequena multidão guiam o nosso olhar para a figura de Santo António. A infanta, prostrada de joelhos, pede ao santo que traga de volta a sua amada filha: “Vós que sois universal/ Dos milagres que fazeis/ Dai-me a minha filha viva/ A verdade a não negueis”. Representada com uma coroa na cabeça – símbolo da realeza que perdera pela anulação do matrimónio mas que nunca perdera por direito de nascença – e de mãos postas, olha piedosamente para o santo, enquanto que a menina deitada na liteira funerária, de pés e mãos atados, ressuscita dos mortos. Ao lado da figura do santo milagreiro vemos a possível representação do mosteiro do Lorvão. A pintura que aqui apresentamos é caracterizada por uma ingenuidade na representação das figuras, bem como da escala dos elementos.

Bibliografia:
"Crónica da Ordem dos Frades Menores (1209-1285), Manuscrito do século XV, agora publicado inteiramente pela primeira vez e acompanhado de introdução, anotações, glossário e índice onomástico por José Joaquim Nunes", vol. I, p. 267;
Jorge Cardoso, "Agiológio Lusitano", Tomo II, pp. 655-656;
"Contos Tradiccionaes do Algarve em Verso", pp. 377-379;
S. P. M. Estacio da Veiga, "Romanceiro do Algarve", pp. 174-178;
"Cantos Populares do Archipelago Açoriano, publicados e anotados por Theophilo Braga", pp.365-366.



Leilão Terminado