25

"Composición con Ropa y Cuerda"

Antoni Tàpies (1923-2012)


Estimativa

Preço sob consulta


Sessão

1 Junho 2021


Descrição

Técnica mista sobre contraplacado
Assinada e datada 75 no verso

145,5x162,5 cm


Categoria

Arte Moderna e Contemporânea


Informação Adicional

Exposições:
"Antoni Tàpies", Seibu Museum of Art, Tokyo, Japan, 1976, nº 67;
"Antoni Tàpies: Thirty Three Years of His Painting with Cloth and Robe", Albright-Knox Art Gallery, Buffalo, USA; Museum of Contemporary Art, Chicago, USA; Marion Koogler McNay Art Institute, San Antonio, USA; Art Center, Des Moines, USA; Museé d'Art Contemporain, Montreal, Canada, 1977, Cat. p. 68, nº 81;
"Antoni Tàpies, Selected Work: 1975-1977", Martha Jackson Gallery, New York, USA, 1978, nº 14;
"Antoni Tàpies: Paintings, Drawings and Collages", Museum of Art, Fort Lauderdale, USA; New World Center, Dade Community College, Miami, USA, 1979;
"Antoni Tàpies", Seibu Gallery, Tokyo, Japan, 1988.

Bibliografia:
Anna Agusti, "Tàpies: The Complete Works 1969-1975", Vol. III, p. 497, nº 3041.

Proveniência:
Martha Jackson Gallery, New York, USA;
David Anderson Gallery, Buffalo, New York, USA;
Colecção Particular, Portugal.


Texto de Enrique Juncosa, Escritor e Curador

Nos anos cinquenta e sessenta, enquanto produzia as pinturas matéricas que o tornaram famoso, Tàpies produziu, também, as primeiras de uma série de obras suas, igualmente radicais na sua abordagem, que viriam a constituir, ao longo dos anos, um aspecto importante do seu trabalho. Estamos a falar das suas assemblages, uma espécie de colagens tridimensionais feitas por justaposição de objectos e materiais quotidianos que, em vez de serem pintados, são literalmente incorporados nas obras. Entre estas obras estão Composición con ropa y cuerda, a qual comentamos aqui; e outras obras, tais como Porta metal-lica i violín (1956), feita com os objectos que lhe dão título, tais como uma porta de garagem, onde o artista pintou uma enorme cruz preta, e um violino; Caixa de cartó desplegada (1960), uma pintura feita desdobrando uma caixa de cartão; Cadira i roba (1970), uma cadeira de madeira sobre a qual foi colocada uma pilha de roupa usada, incluindo toalhas e cobertores; Taula de desptax amb palla (1970), uma velha secretária coberta com um monte de palha; e Homenaje a Picasso (1981), uma obra pública, controversa na sua época, por se assemelhar a uma pilha de lixo, permanentemente instalada no Passeig Picasso de Barcelona. Todas estas obras, feitas com materiais pobres e invulgares, são facilmente relacionadas com a Arte Povera italiana, que irrompeu na cena artística na segunda metade dos anos sessenta, ou também com os chamados Combines, do norte-americano Robert Rauschenberg, que já́ nos anos cinquenta incorporava em algumas das suas obras objectos como rodas, móveis, ou animais embalsamados. Composición con ropa y cuerda foi feita sobre uma chapa de madeira contraplacada coberta com sinais, traços feitos com pinceladas rápidas, extensões de material espesso, e manchas,
tudo isto sugerindo caos, improvisação, urgência e, até mesmo, escatologia. Um pano, a peça de vestuário referida no título, cobre o lado esquerdo da obra, a partir da metade da parte superior. Além disso, pende para além dos limites da chapa de madeira, invocando o vestuário das pinturas renascentistas e barrocas. Por cima deste pano, à sua direita, mas ainda do lado esquerdo da obra, uma velha corda amarrada forma um grande "Y". No centro da pintura, atrás do pano e da corda vemos, ainda, uma forma negra que sugere vagamente uma cabeça e um corpo, dos quais emergem linhas diagonais escuras, como os braços abertos de uma crucificação. Estas diagonais, e as formadas pela corda amarrada, dão ao conjunto uma sensação de instabilidade, precariedade, irresolução e movimento. Os materiais com que a obra é feita, chapa de madeira contraplacada, tecido e corda, sendo materiais antigos com aparência de desperdício, possuem um grande poder evocativo, brincando com a nossa memória e experiência, bem como com o vestígio do humano, de forma semelhante a outros artistas dos noventa que utilizaram materiais quotidianos, tais como como a polaca Mirsolaw Balka ou a colombiana Doris Salcedo, investigadores de traumas pessoais e colectivos.
Voltando ao trabalho de Tàpies, o pano esconde o que está por detrás dele, enquanto a corda evoca um pacote ou embrulho, tudo sugerindo significados escondidos ou secretos. A atmosfera da obra é, por outro lado, semelhante à de uma obra em construção, como se implicasse que o espectador tivesse de construir ou reconstruir o seu significado. A corda e o pano também sugerem um palco teatral, com as suas cortinas e maquinaria, embora tudo isto seja mais um cenário do que uma tragédia. À direita da composição encontramos também um graffiti que se parece com uma série de números ou letras, acrescentando mistério, e sendo um novo convite à possibilidade de uma interpretação. O título desta obra que, como podemos ver, parece mostrar e esconder ao mesmo tempo, é meramente descritivo, ignorando todas as questões semânticas mencionadas, embora seja sabido que Tàpies estava interessado no misticismo e nas tradições esotéricas das grandes religiões.

(Original em Castelhano)
En las décadas de los cincuenta y sesenta, al tiempo que pintaba las pinturas matéricas que le hicieron célebre, Tàpies realizó también las primeras de una serie de obras suyas, igualmente radicales en sus planteamientos, y que llegaran a conformar, con el paso de los años, una importante vertiente de su trabajo. Hablamos de sus assemblages, una suerte de collages tridimensionales hechos mediante la yuxtaposición de objetos y materiales cotidianos que, en lugar de estar pintados, están literalmente incorporados en las obras. Entre estos trabajos se encuentran Composición con ropa y cuerda, que aquí comentamos; y otras obras, como la temprana Porta metal-lica i violín (1956), realizada con los objetos que le dan su título, una puerta de garaje, donde el artista pintó una gran aspa negra, y un violín; Caixa de cartó desplegada (1960), una pintura realizada desplegando una caja de cartón; Cadira i roba (1970), una silla de madera donde se ha colocado un montón de ropa usada, incluyendo toallas o mantas; Taula de desptax amb palla (1970), un viejo escritorio recubierto por un montón de paja; y Homenaje a Picasso (1981), una obra pública, polémica en su día, pues se asemeja a un montón de basura, permanentemente instalada en el Passeig Picasso de Barcelona. Todas estas obras, realizadas con materiales pobres e inusuales, son fácilmente relacionables con el Arte Povera italiano, que irrumpe en la escena artística en la segunda mitad de los sesenta, o también con los llamados Combines del norteamericano Robert Rauschenberg, quien ya en los cincuenta, incorporó en algunas de sus obras, objetos como ruedas, muebles, o animales disecados.
Composición con ropa y cuerda está hecha sobre una plancha de madera contrachapada recubierta de signos, trazos realizados con pinceladas rápidas, gruesas extensiones matéricas, y manchas, todo sugiriendo caos, improvisación, urgencia, e incluso escatología. Una tela, la ropa del título, cubre la parte izquierda de la obra desde la mitad de su parte superior. Pende, además, más allá de los límites de la plancha de madera, remitiendo a los ropajes de las pinturas renacentistas y barrocas. Por encima de esta tela, a su derecha, pero todavía en la izquierda de la obra, una vieja cuerda atada forma una gran ye. En el centro de la pintura, además, detrás de tela y cuerda, vemos una forma negruzca que sugiere vagamente una cabeza y un cuerpo, de la que salen unas líneas oscuras diagonales, como los brazos abiertos en una crucifixión. Estas diagonales, y las que forma la cuerda atada, le dan a todo el conjunto una sensación de inestabilidad, precariedad, irresolución y movimiento.
Los materiales con los que está realizada la obra, la plancha de madera contrachapada, la tela y la cuerda, siendo materiales viejos con apariencia de desechos, poseen un gran poder evocador, jugando con nuestra memoria y nuestra experiencia, y el rastro de lo humano, de forma semejante a como utilizarán materiales cotidianos artistas de los noventa, como el polaco Mirsolaw Balka o la colombiana Doris Salcedo, investigadores de traumas personales y colectivos. La tela, volviendo a la obra de Tàpies, oculta lo que está tras ella, mientras que la cuerda evoca un paquete o un envoltorio, todo sugiriendo sentidos ocultos o secretos. La atmosfera de la obra es, por otra parte, semejante a la de una obra en construcción, como implicando que el espectador debe construir o reconstruir su sentido. La cuerda y la tela sugieren también un escenario teatral, con sus telones y tramoyas, aunque todo sea más un decorado que una tragedia. A la derecha de la composición, encontramos también un graffiti que parece una serie de números o letras, añadiendo misterio, y siendo una nueva invitación a la posibilidad de una interpretación. El título de esta obra, que como vemos parece mostrar y ocultar a la vez, es meramente descriptivo, ignorando todas las cuestiones semánticas mencionadas, aunque es bien sabido que a Tàpies le interesaron la mística y las tradiciones esotéricas de las grandes religiones.



Leilão Terminado