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"Visão"

Veloso Salgado (1864-1945)


Estimativa

25.000 - 40.000


Sessão 2

25 Junho 2020



Descrição

Óleo sobre tela
Assinado e datado 1895

73x92 cm


Categoria

Pintura


Informação Adicional

A obra de Veloso Salgado (1864-1945) é relevante na pintura da sua época não só pela incursão do simbolismo, mas também pela extraordinária qualidade das suas paisagens, das magnificas pinturas de juventude realizadas em Itália e na Bretanha, da pintura de História e da grande pintura mural e decorativa (como observamos na Assembleia da República, na Sinagoga de Lisboa), pela vastíssima obra na área do retrato dos quais se destaca o Retrato Equestre da Rainha D. Amélia, o do Rei D. Carlos I, bem como os de todos os membros da família Medeiros e Almeidas, expostos na Casa-museu da fundação.
Entre 1901 e 1940 foi professor de pintura na Academia de Belas Artes, e nos primeiros anos partilhou esta cadeira com Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929).
Ao longo da sua obra encontramos situações diversamente classificáveis como simbolistas. Numa Órfã pintada em 1892, de ambiente bretão, e até mesmo no fim da sua carreira, numa encomenda de 1932, para o Museu Militar, onde num insólito clima pré-rafaelita o soldado desconhecido e glorificado pela pátria.
Porém, as suas obras mais conseguidas, no registo simbolista, são as paisagens despidas de retórica do final do século XIX, como “Ao poente” (1892) e principalmente na pintura “Visão” (1895) que agora apresentamos.
Considerada por Historiadores e Críticos de arte como uma obra-prima da pintura portuguesa dos finais do século XIX, das raras que escaparam às convenções naturalistas da época e, simultaneamente, em termos cronológicos, observada como uma das duas primeiras pinturas de pendor onírico e simbolista realizada por um artista português, esta obra foi oferecida no ano de 1940 pelo autor ao irmão de António de Medeiros e Almeida, o médico Gustavo de Medeiros e Almeida, mantendo-se na família até agora.
A deformação propositada do arvoredo, cujos troncos foram transformados em arabescos curvilíneos e bidimensionais, de qualidade gráfica sinuosa, e que se abrem em copas que sugerem reservas quase planas de pendor “sintetista” em óbvia apropriação do exemplo fornecido pelas estampas japonesas, corrobora a influência do grupo de jovens artistas, pós-impressionistas vanguardistas da última década do século XIX, conhecidos como “Les Nabis”.
Nos finais da década de 1890 o jovem Veloso Salgado andou “com um pé em Paris e outro em Lisboa”, como afirma o Diário Ilustrado de 1897, e terá sido nessa altura que contemplou as obras deste grupo (que em 1899 promovia a última exposição colectiva).
Admirada pelos mais qualificados visitantes da grande exposição retrospetiva do autor, realizada em 1999, no Museu do Chiado e na Escola Médica de Lisboa, entre outros destaca-se o então Director do Museu Nacional de Arte Antiga, o Crítico de Arte José Luís Porfírio, e a Professora Dra. Raquel Henriques da Silva, então Directora do Instituto Português de Museus, que na altura em artigo publicado na revista “Arte Ibérica” se referia a este quadro como talvez o melhor da exposição.

Exposições:
- Grémio Artístico de Lisboa, 1896
- “José Simões de Almeida e José Veloso Salgado”, Academia Nacional de Belas Artes, Lisboa, 1939
- “Veloso Salgado, 1864-1945”, grande exposição retrospectiva realizada em dois locais: Museu do Chiado e Escola Médica de Lisboa, 1999.

Bibliografia:
Rui Afonso Santos – Veloso Salgado: 1864-1945, IMC, 1999, pág. 28-29.



Leilão Terminado